A missão da universidade
A universidade desde a sua hora inaugural no ocidente visou “formar profissionais e formar homens através da ciência”. Nem a preparação para as profissões pode ser seu fim exclusivo – para isto estão os cursos técnicos – nem tampouco se transformar exclusivamente em lugar para aprender a viver as virtudes. O que constitui sua identidade é o compromisso com a ciência. A universidade tem como função primordial construir conhecimento e difundi-lo na sociedade. O problema está em encontrar o ponto certo na aplicação dos saberes, tanto à profissão como à formação humana.
Ser eficaz no preparo para as profissões sempre foi seu grande desafio, porque em geral se distancia da realidade social e, fruto do relativismo, adota neutralidade em desenvolver as virtudes da dimensão político-social do ser humano.
Mais provável é que ela não resista à pressão do ambiente economicista vigente, pois se cobram resultados a curto prazo. Como a economia é um dos elementos-chave da vida humana, as forças econômicas pressionam a universidade para que dê resultados imediatos, em detrimento do seu compromisso com a ciência e a cultura. A universidade torna-se refém da rentabilidade econômica, que condiciona as políticas educacionais, as linhas de pesquisa e o tipo de ciência que se produz e se difunde.
A ciência não pode estar descolada da realidade, da práxis. Uma boa teoria parte da práxis e leva a uma boa prática. A tendência dos professores, pressionados pelos indicadores de produção científica, é a de fecharem-se na sua ciência e não encontrarem um modo de conectá-la à realidade social. Caem em dois possíveis males: no abstracionismo e no outro, proveniente do pensamento weberiano, no tecnicismo, que busca apenas a adequação dos meios a fins utilitários, escapando da sua compreensão qualquer fim transcendente da vida humana. Jorge Lacerda já alertava: “Sofre muito a humanidade de dois males: o dos homens bons, que não têm noção alguma das técnicas que deveriam empregar para que se torne mais eficiente a sua bondade, e o dos técnicos, em que se abalaram ou em que quase se perderam as qualidades humanas.”
Lacerda sustentava que: “o nosso ensino universitário é mister que se coloque a serviço do país, numa integração permanente em nossas realidades, libertando-se do seu sentido meramente utilitário, ou então abstrato, teórico, formalístico, para que se não distancie das suas altas finalidades, científicas e culturais, plasmadoras, de certo modo, da vida brasileira.” E que a universidade “deve ser, quanto possível, a par de um conjunto de escolas que transmitam conhecimento, um instituto de pesquisas voltado para todos os setores do saber humano; de que deve, a cada nova criação, interrogar-se não só sobre o valor científico, mas também sobre as suas condições de existência, sobre as aptidões do local que a requer”, sendo “a expressão máxima da atividade cultural do Estado e, ao mesmo tempo, um organismo perfeitamente sensível a todos os problemas de caráter técnico e de caráter social.”
Vale a pena lembrar a tese platônica, no que se refere à ciência: “o mal consiste em separar e absolutizar uma parte da realidade. O mal consiste também – o que é outro aspecto da mesma questão – em privar de uma parte qualquer realidade, ou seja, em deixá-la incompleta.” Quanto maior a especialização do saber, maior deverá ser a preocupação do professor universitário em trabalhar, juntamente com outros, primeiro em áreas afins e depois com professores de outros campos do conhecimento.
Sócrates, modelo de mestre para a sociedade ocidental, “mostrou que o método do saber – método do professor e do aluno – é sempre o mesmo e tem dois momentos entrelaçados: o descobrimento da própria ignorância e o amor ao saber. Parecem momentos contraditórios, mas não são. Cada um leva sempre ao outro.” É necessário promover o espírito construtivo na universidade: construção do saber, construção do ser humano pautado pelos valores éticos, e a construção da profissão do professor “aprendiz e mestre”. Função do professor é “que cultive com paixão a ciência, tendo ao mesmo tempo o seu olhar posto, tanto nas profissões como na personalidade dos que cultiva.”O decisivo numa reforma universitária, mais do que atacar os problemas de estrutura, é fundamentá-la no compromisso ético, no profissionalismo e no espírito colaborativo dos seus professores.
Ser eficaz no preparo para as profissões sempre foi seu grande desafio, porque em geral se distancia da realidade social e, fruto do relativismo, adota neutralidade em desenvolver as virtudes da dimensão político-social do ser humano.
Mais provável é que ela não resista à pressão do ambiente economicista vigente, pois se cobram resultados a curto prazo. Como a economia é um dos elementos-chave da vida humana, as forças econômicas pressionam a universidade para que dê resultados imediatos, em detrimento do seu compromisso com a ciência e a cultura. A universidade torna-se refém da rentabilidade econômica, que condiciona as políticas educacionais, as linhas de pesquisa e o tipo de ciência que se produz e se difunde.
A ciência não pode estar descolada da realidade, da práxis. Uma boa teoria parte da práxis e leva a uma boa prática. A tendência dos professores, pressionados pelos indicadores de produção científica, é a de fecharem-se na sua ciência e não encontrarem um modo de conectá-la à realidade social. Caem em dois possíveis males: no abstracionismo e no outro, proveniente do pensamento weberiano, no tecnicismo, que busca apenas a adequação dos meios a fins utilitários, escapando da sua compreensão qualquer fim transcendente da vida humana. Jorge Lacerda já alertava: “Sofre muito a humanidade de dois males: o dos homens bons, que não têm noção alguma das técnicas que deveriam empregar para que se torne mais eficiente a sua bondade, e o dos técnicos, em que se abalaram ou em que quase se perderam as qualidades humanas.”
Lacerda sustentava que: “o nosso ensino universitário é mister que se coloque a serviço do país, numa integração permanente em nossas realidades, libertando-se do seu sentido meramente utilitário, ou então abstrato, teórico, formalístico, para que se não distancie das suas altas finalidades, científicas e culturais, plasmadoras, de certo modo, da vida brasileira.” E que a universidade “deve ser, quanto possível, a par de um conjunto de escolas que transmitam conhecimento, um instituto de pesquisas voltado para todos os setores do saber humano; de que deve, a cada nova criação, interrogar-se não só sobre o valor científico, mas também sobre as suas condições de existência, sobre as aptidões do local que a requer”, sendo “a expressão máxima da atividade cultural do Estado e, ao mesmo tempo, um organismo perfeitamente sensível a todos os problemas de caráter técnico e de caráter social.”
Vale a pena lembrar a tese platônica, no que se refere à ciência: “o mal consiste em separar e absolutizar uma parte da realidade. O mal consiste também – o que é outro aspecto da mesma questão – em privar de uma parte qualquer realidade, ou seja, em deixá-la incompleta.” Quanto maior a especialização do saber, maior deverá ser a preocupação do professor universitário em trabalhar, juntamente com outros, primeiro em áreas afins e depois com professores de outros campos do conhecimento.
Sócrates, modelo de mestre para a sociedade ocidental, “mostrou que o método do saber – método do professor e do aluno – é sempre o mesmo e tem dois momentos entrelaçados: o descobrimento da própria ignorância e o amor ao saber. Parecem momentos contraditórios, mas não são. Cada um leva sempre ao outro.” É necessário promover o espírito construtivo na universidade: construção do saber, construção do ser humano pautado pelos valores éticos, e a construção da profissão do professor “aprendiz e mestre”. Função do professor é “que cultive com paixão a ciência, tendo ao mesmo tempo o seu olhar posto, tanto nas profissões como na personalidade dos que cultiva.”O decisivo numa reforma universitária, mais do que atacar os problemas de estrutura, é fundamentá-la no compromisso ético, no profissionalismo e no espírito colaborativo dos seus professores.